quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Por que trabalho tanto e os resultados parecem nunca ser suficientes?!

Por que muitas vezes nos deparamos com pessoas que trabalham exaustivamente, mas ao final do dia são cobradas por metas que não alcançaram? O que causa esse excesso na carga de trabalho? De onde vem a necessidade de provar a própria capacidade? Como ter equilíbrio entre o trabalho e as demais atividades do dia a dia? Você se sente pressionado no seu trabalho, ou a cobrança parte de você? Como você avalia a sua equipe? Você se considera um profissional com foco no resultado e disciplinado, ou você é uma pessoa extremamente esforçada, dedicada, que trabalha incessantemente, mas não produz tanto assim? 



Pelas conversas com amigos, empresários e pessoas que atuam nas áreas de gerenciamento organizacional, tenho percebido cada vez mais a necessidade de preencher, no trabalho, "algo que falta", Na maioria dos casos, esse preenchimento é feito com o acúmulo de diversas tarefas, que demandam mais tempo que o disponível por quem as assume e que nem sempre são condizentes com as capacidades de quem as executam. Exemplo clássico desse tipo de situação são os supervisores e gestores que passam todo o dia resolvendo problemas pontuais de pequena complexidade, ou mesmo atuando em funções diretamente operacionais, mas que ao final do expediente fazem discursos inflamados sobre como trabalharam e como são atarefados. Quando são cobrados sobre alguma meta, têm vários desculpas argumentos para justificar o porquê de não terem cumprido o combinado, justificando os fracassos com a sua "falta de tempo" para atender a toda a demanda de trabalho. 

Pode-se afirmar que o acúmulo de tarefas é uma característica da economia, visto que as empresas buscam cada vez mais a redução nas suas despesas. Dentre outras maneiras, essas reduções são alcançadas com equipes mais enxutas e que conseguem executar no menor tempo possível o máximo de trabalho. Entretanto, nesse contexto, algumas variáveis não são consideradas pelas diretorias, como a qualidade do serviço que é feito e a carência de planejamento e pensamento estratégico dentro das organizações. E ainda mais profundo que essas variáveis desconsideradas: até que ponto o acúmulo de tarefas é uma característica da economia e não uma prova da incapacidade dos profissionais que ocupam os cargos de nível estratégico dentro das organizações? 

Esses profissionais "sobrecarregados" levam aos seus superiores hierárquicos de forma embasada e devidamente formalizada as dificuldades das situações de trabalho que conduzem? Conseguem demonstrar claramente a necessidade de contratação de algum funcionário, com números e justificativas financeiras para a organização? Têm a capacidade de argumentar satisfatoriamente com dados precisos justificando investimentos e seus pontos de vista, ou são completamente empíricos e se baseiam apenas no feeling, na percepção visual e na "famosa" experiência de anos realizando o trabalho? Conseguem sustentar argumentos, identificar problemas e propor alternativas de soluções, ou simplesmente apontam dificuldades como se não fossem os responsáveis por solucioná-las? Esses são questionamentos que devem ser feitos por todos aqueles que se sentem sobrecarregados, ou que conduzem equipes cujos líderes têm esse perfil. Eles são realmente as pessoas certas para as funções?



É compreensível que se comprometer com muitas tarefas e centralizar informações provoquem, a quem o faz, a sensação de ser um super herói indispensável à organização. Para a pessoa que faz todos esses compromissos, essa sensação chega a ser prazerosa, pois age como se todos dependessem dele. Contudo, essa é uma perigosa ilusão, tanto para a pessoa que assumiu os compromissos quanto para a organização. Esse tipo de atitude retarda processos, engessa a tomada de decisões e causa diversas falhas dentro da organização. Por melhor que seja um profissional dentro de suas atribuições, a partir do momento que ele assume mais responsabilidades do que pode desempenhar, ele irá falhar, e essas falhas tendem a comprometer diretamente todo o resultado do processo. Além disso, demonstra a falta de competência, falta de formação, de conhecimento e de habilidade para pensar de forma sistêmica e estratégica, tanto da organização quanto da pessoa que assume os compromissos. São condutas de pessoas que não conseguem organizar as suas rotinas, suas tarefas e delegar com confiança, enfim, ter atitudes que de fato irão trazer resultados concretos. 

Apesar de ser um problema sério e não tão raro, dificilmente é diagnosticado e tratado pelas empresas. Suas consequências são extremamente negativas, pois, para o funcionário, além de ser prejudicial para a sua qualidade de vida no trabalho, compromete negativamente os resultados de sua equipe. Para a organização, esse tipo de situação é traduzido em forma de prejuízo financeiro, visto que em diversas situações são necessários esforços extras para a realização de trabalhos que, com algum nível de estratégia, poderiam ter sido executados com muito mais tranquilidade e até mesmo menos tempo. 



De forma geral, os profissionais dedicam pouco tempo do seu dia para observar e pensar sobre como as atividades são executadas e os processos são gerenciados. Como exemplo, partamos do princípio de que um funcionário tenha uma função de apertar parafusos em uma linha de produção. Esse funcionário tem um nível máximo de trabalho que pode desempenhar. Caso a demanda ultrapasse esse nível máximo, que pode ser mensurado com os cálculos de tempo padrão para operação, ele não conseguirá executar a tarefa, a não ser que sejam feitos estudos para alterar os seus métodos e ferramentas de trabalho, A função dos cargos de supervisão e gerência deveria ser justamente esta: verificar o posto de trabalho, observá-lo, descrever a função e verificar a melhor forma de ela ser executada. Feito isso, com a função já sendo executada, deveriam tentar identificar possibilidades de melhoria no processo de tal forma que tornassem o trabalho mais prazeroso para o funcionário e que demandasse menos tempo, ou seja, que o tornassem mais eficiente.

Entretanto, o que acontece na realidade?

Suponhamos que o supervisor seja responsável por uma equipe de 15 pessoas: quando vê que algum funcionário está sobrecarregado, auxilia-o na operação, passando a ser mais um operador e deixando os outros 14 funcionários sem supervisão. Esse tempo que demanda para a execução da operação junto ao seu subordinado é debitado do tempo que tem disponível para supervisionar efetivamente, e é aí que começam alguns dos grandes problemas organizacionais, pois há uma tendência de que o supervisor se acostume com aquela situação, assumindo para si a tarefa de "auxiliar" o seu subordinado, mesmo que seja com uma tarefa extremamente simples, como apertar um parafuso. O supervisor poderia observar a situação, poderia medir os tempos para execução, calcular quanto custaria a contratação de um novo funcionário para a empresa, verificar se alguma outra pessoa de seu setor teria tempo ocioso que poderia ser utilizado para auxiliar aquele funcionário, levar propostas à gerência/diretoria de alteração no processo de trabalho, mas muitas vezes prefere abaixar a cabeça e executar a tarefa. Prefere assumir mais uma tarefa, para que ao final do dia se sinta realizado pela sua "dedicação incontestável" ao trabalho e à empresa. 

Qual a razão disso? 

O primeiro motivo é que é muito mais fácil "apertar um parafuso" do que pensar em qualquer uma das alternativas mencionadas anteriormente. O segundo é que muitas vezes os supervisores e gerentes não são devidamente capacitados para as funções que deveriam desempenhar. O resultado de todo esse contexto é catastrófico, pois a organização não conta com os supervisores e gestores atuando nas funções para as quais são contratados e os funcionários não são devidamente orientados no processo. Se fosse para contratar um auxiliar que "apertasse os parafusos", provavelmente o salário desse funcionário não seria o mesmo que o de um supervisor responsável pelo acompanhamento dos 15 funcionários. Dessa forma, sem muitos cálculos, é possível identificar o prejuízo que é para uma empresa quando pessoas com cargo de gerência e liderança assumem funções para as quais não estão designados. É um resultado em que todos se desgastam, trabalham excessivamente, mas que não alcançam os resultados propostos, ficando todas as partes envolvidas frustradas e insatisfeitas. Os gestores ficam insatisfeitos pela carga de trabalho que pensam ter (visto que assumiram tarefas que não são suas de fato), e a diretoria fica insatisfeita por não ter os resultados de que precisa, visto que esses resultados dependem da atuação de toda a sua equipe com cada um executando a sua função.

É extremamente importante que você tenha sempre consciência sobre qual a sua função dentro de uma organização e da sua importância para o funcionamento de todo o processo. Não seja tentado pela ilusão de que o esforço físico o fará ser mais reconhecido, nem queira compensar suas incapacidades com acúmulo de tarefas. Entenda a sua função, compreenda-a com clareza e a execute com excelência. Faça o melhor que puder naquilo que lhe é pedido, procure se capacitar e fazer benchmarking com empresas e colegas de trabalho que possam lhe acrescentar meios de ser melhor naquilo que você faz, mas não queira jamais se sobrecarregar com várias tarefas simples que não são de fato suas para compensar a sua incompetência no que, de fato, é sua responsabilidade. Tenha a humildade de assumir a sua incapacidade caso lhe seja solicitada uma tarefa que não consiga desempenhar, mas não camufle essa situação assumindo tarefas de menor complexidade, pois isso não é conduta de um bom profissional. Honestidade, sempre. 

Você se identifica com alguma das situações acima? Conhece pessoas que deveriam ter conhecimento sobre esse assunto? Acha que é importante para a sua equipe? Já teve experiências semelhantes no ambiente de trabalho?! Tem uma opinião diferente?


Conte-nos através dos comentários! 

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Qual deve ser o seu salário para compensar o valor investido na graduação?


O número de pessoas com curso a nível superior tem aumentado muito nos últimos anos. Parte deste crescimento pode ser explicado pelo aumento da exigência por profissionais mais qualificados no mercado de trabalho e parte pelas políticas de incentivo do governo federal, que concedem subsídios parciais e totais aos estudantes, É, de certa forma, um consenso que a formação de um profissional em uma instituição particular de ensino seja um investimento considerável em termos financeiros, logo, é comum que a opção por investir em um curso superior esteja vinculada à perspectiva de um salário melhor após o término da graduação, mas será que isso acontece de fato? E qual deve ser o retorno financeiro mensal para tornar o investimento viável? Em quanto tempo se paga o valor investido para conclusão da graduação a nível superior? Quando você escolhe o curso que vai fazer, tem consciência desses valores e de como essa escolha terá influência na sua vida pessoal e profissional?


Para ilustrar este estudo, vamos simular de quanto deve ser o salário de uma pessoa após a conclusão da graduação em função do tempo em que será pago o valor investido no curso. Em relação a quanto será o salário, não se trata do que a pessoa merece receber como pagamento pelos serviços prestados, mas sim a consideração apenas no âmbito tempo/retorno. Para tal, será considerada uma situação-problema onde o aluno pague uma mensalidade de R$ 1.350,00, tenha despesas mensais de R$ 150,00 com transporte, R$ 100,00 com livros e xerox, R$ 100,00 com alimentação e que a duração do curso seja de 5 anos. Vamos, ainda, considerar que esse aluno complete o processo de graduação sem ser reprovado em nenhuma disciplina no intervalo de tempo. 

Para analisar a situação, deve-se primeiro fazer uma simulação de quanto renderia este valor aplicado, por exemplo, na poupança, considerando uma taxa de rendimento de 0,55% ao mês. O motivo do investimento na poupança ser a referência para avaliação é justificado pelo fato de ser o tipo de investimento mais comum no Brasil, apesar de não ser nem de longe o mais rentável. O valor total gasto por mês é de R$ 1.700,00. Para facilitar estes cálculos, pode-se executá-los em uma planilha excel, de acordo com a seguinte fórmula de Valor Final: 

=VF(0,55%;60;-R$1.700,00;0;0)

O resultado para a simulação acima é R$ 120.469,10.

Isto significa que, caso o valor destinado à graduação tivesse sido aplicado mensalmente na poupança, teria-se no final do período de 5 anos o valor acumulado de R$ 120.469,10. Entretanto, como o estudante não optou por fazer os depósitos mensais na caderneta de poupança durante os cinco anos, ele não terá essa quantia. O objetivo agora é verificar qual deverá ser o acréscimo no seu salário para que ele pague o valor investido em um determinado intervalo de tempo.

Para ilustrar os cálculos desse problema, vamos partir do pressuposto de que o aluno queira pagar os custos que teve com a graduação em um intervalo de quatro anos, ou seja, quarenta e oito meses. A taxa de rendimento da poupança será considerada como na situação anterior, de 0,55% ao mês. Para facilitar os cálculos, pode-se utilizar a função PGTO disponível no software Excel.

=PGTO(0,55%;48;-R$120.469,10;0;0).

O resultado para a simulação acima é R$ 2.862,48.

Isso significa que para recuperar os R$ 120.469,10 que foram investidos no curso de graduação, o salário do estudante deverá ser acrescido, após formado, do valor de R$ 2.862,48. Isso é o aumento que ele deverá ter considerando que o valor investido no curso será pago no período de quatro anos. Caso esse período para recuperação seja maior, o valor a ser acrescido mensalmente será menor, por exemplo, considerando que o retorno do valor investido fosse esperado em cinco anos, o aumento mensal no salário deveria ser de R$ 2.362,76.



Esse é um cálculo que tem o objetivo de demonstrar aos estudantes a importância de planejarem a sua carreira profissional, desde o momento de escolha do curso para graduação. Ter suas metas financeiras bem definidas é fundamental para que o estudante possa administrar seus recursos e se preparar de tal forma que tenha sucesso na sua vida profissional.

É normal que o estudante recém-formado tenha o salário mais baixo que um profissional mais experiente, mas esses rendimentos tendem a aumentar com o passar do tempo, pois adquire-se mais conhecimento com o exercício da função para a qual se preparou. Além disso, o estudo feito considera apenas a viabilidade econômico financeira, mas ignora outras vantagens que não podem ser mensuradas de forma tão direta, tais como o desenvolvimento cultural do indivíduo, a melhoria do ambiente e das condições de trabalho, o aumento nas oportunidades de trabalho, melhor entendimento sobre várias situações cotidianas, amadurecimento como cidadão e o prazer de aprender.

Faça a adaptação para o seu caso particular! Você já fez o curso de graduação? Consegue estimar os valores que foram gastos? Houve reconhecimento financeiro com a conclusão da graduação? Foi promovido? Ou mesmo para quem não iniciou o curso de graduação, vale a dica para calcular o valor que será investido!