Relatório sobre jardins filtrantes de Paris.
Os problemas com o meio ambiente estão em grande evidência
atualmente. Questões como a poluição e a escassez da água, o uso irracional e
irresponsável de recursos naturais, o direcionamento inadequado de esgotos, a
poluição do ar nos grandes centros urbanos, a extinção de espécies em função da
degradação de florestas, a diminuição da área de matas nativas por causa das
queimadas, a ocorrência de fenômenos como ilhas de calor, inversão térmica,
efeito estufa, chuva ácida e enchentes são alguns dos exemplos do que se tem
enfrentado.
Diante de todos estes problemas, faz-se necessário o estudo de
técnicas que minimizem os impactos negativos da ação do homem sobre o meio
ambiente e que apresentem soluções compatíveis com as necessidades da geração
atual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazer as suas.
Partindo desta premissa, justifica-se a realização deste trabalho com a
necessidade de desenvolver sistemas mais eficazes e sustentáveis, capazes de
reverter o atual quadro de degradação do meio ambiente, com o objetivo de
ajustar o desenvolvimento econômico e industrial com a preservação do entorno.
Um sistema que merece destaque pela sua eficiência e resultado
positivo é o uso de Jardins Filtrantes para despoluição das águas. O projeto
foi desenvolvido pelo arquiteto e engenheiro francês Thierry Jacquet, que
também é fundador da empresa Phytorestore. Baseando-se nos quadros de paisagens
impressionistas da série Ninfeias, do pintor Monet, Thierry idealizou a criação
de um jardim que, além de funcionar como ferramenta para despoluição do rio
Sena, é um projeto paisagístico que serve como lazer para a população da região.
O processo de despoluição através dos Jardins Filtrantes consiste
no uso de plantas para fazer o tratamento de esgotos domésticos e efluentes
industriais. Após a captação da água e separação do material sólido, o fluxo
segue por três bacias. A primeira etapa tem o objetivo de retirar as cargas
poluentes e matérias orgânicas em suspensão. Após esta etapa, já é possível
percebermos a água com aspecto muito mais limpo que no início do processo. Na
segunda fase, são utilizadas plantas cujas características eliminam as
bactérias. Como são utilizadas diversas espécies de plantas, com diferentes
sistemas de desenvolvimento, muitas delas utilizam estas bactérias como
nutrientes. A última etapa do processo é a oxigenação da água, também através
das plantas. Com esta etapa realizada, a água, então limpa e rica em oxigênio,
abastece um reservatório com capacidade para estocar 30 mil metros cúbicos.
Neste ponto, ela pode ser lançada ao rio para equilibrar o nível de oxigênio em
períodos que a taxa esteja muito baixa, pois esta característica provoca a
morte de muitos peixes do local.
O uso dos Jardins Filtrantes apresenta, aproximadamente, um custo
de instalação 30% inferior ao de uma estação de tratamento convencional, ou
seja, é economicamente viável. Entretanto, o mais interessante é a manutenção
do sistema, pois além de não exigir uma mão de obra extremamente qualificada
para execução das operações, não há uso de produtos químicos e eletricidade nos
tratamentos, ou seja, apenas as plantas cuidam de todo o processamento.
Estima-se que o valor do custo de funcionamento seja cinco vezes menor que o
custo para manter uma estação de tratamento de esgoto funcionando. O mesmo
processo é aplicado a biofazendas, a grande diferença é que neste caso, as
indústrias da região é que transportam seus resíduos para lá, e a água tratada
é utilizada para irrigação da fazenda. Além de ser uma solução que leva em
consideração aspectos de preservação ambiental, não compromete a
sustentabilidade financeira das indústrias, pois é um investimento menor que o
tratamento convencional.
No Brasil, há exemplos de processos que também procuram
alternativas para tratamento de esgotos, como o caso da experiência feita na
escola Padre Luigi Salvucci, em Foz do Iguaçu, que faz uso de plantas, areia e
pedras para a despoluição da água. Já em Goiás, o Instituto de Permacultura e
Ecovilas do Cerrado (IPEC), ensina a construir banheiros secos. O interessante
destes banheiros é que, além de não usar água, os resíduos, ao final do
processo, são utilizados como adubo para a vegetação.
Através de tudo o que foi relatado, pode-se perceber que há
diversas formas e alternativas para adoção de medidas ecologicamente
sustentáveis, desde as que se aplicam às indústrias até aquelas que podem ser
aplicadas em residências. Diferentemente do que muitos pensam, não se trata de
um investimento alto. Nem todas as soluções ecologicamente sustentáveis são
mais caras que os processos convencionais. Há muitos casos em que a
construção de sistemas sustentáveis é até mais viável em termos econômicos. É
fundamental que estes processos sejam explicados à população e passem a ser
mais comuns nos projetos de novas construções. Em termos do poder público,
sugere-se a elaboração de projetos e adoção de medidas que disseminem mais
estas práticas, pois estes tipos de exemplo seriam uma excelente forma de
conscientizar a população sobre os resultados, a viabilidade e os impactos
positivos, principalmente em obras públicas.
Referência
para acesso
JARDINS
filtrantes. Programa Cidades e Soluções, exibido em 22 set. 2011. Brasil: Globo
News. Disponível em:
<http://g1.globo.com/globo-news/cidades-e-solucoes/platb/2011/09/22/jardins-filtrantes/>.
Acesso em: 4 set. 2014.