quarta-feira, 27 de maio de 2015

Jardins Filtrantes de Paris

Relatório sobre jardins filtrantes de Paris.

Os problemas com o meio ambiente estão em grande evidência atualmente. Questões como a poluição e a escassez da água, o uso irracional e irresponsável de recursos naturais, o direcionamento inadequado de esgotos, a poluição do ar nos grandes centros urbanos, a extinção de espécies em função da degradação de florestas, a diminuição da área de matas nativas por causa das queimadas, a ocorrência de fenômenos como ilhas de calor, inversão térmica, efeito estufa, chuva ácida e enchentes são alguns dos exemplos do que se tem enfrentado.
Diante de todos estes problemas, faz-se necessário o estudo de técnicas que minimizem os impactos negativos da ação do homem sobre o meio ambiente e que apresentem soluções compatíveis com as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazer as suas. Partindo desta premissa, justifica-se a realização deste trabalho com a necessidade de desenvolver sistemas mais eficazes e sustentáveis, capazes de reverter o atual quadro de degradação do meio ambiente, com o objetivo de ajustar o desenvolvimento econômico e industrial com a preservação do entorno.
Um sistema que merece destaque pela sua eficiência e resultado positivo é o uso de Jardins Filtrantes para despoluição das águas. O projeto foi desenvolvido pelo arquiteto e engenheiro francês Thierry Jacquet, que também é fundador da empresa Phytorestore. Baseando-se nos quadros de paisagens impressionistas da série Ninfeias, do pintor Monet, Thierry idealizou a criação de um jardim que, além de funcionar como ferramenta para despoluição do rio Sena, é um projeto paisagístico que serve como lazer para a população da região.
O processo de despoluição através dos Jardins Filtrantes consiste no uso de plantas para fazer o tratamento de esgotos domésticos e efluentes industriais. Após a captação da água e separação do material sólido, o fluxo segue por três bacias. A primeira etapa tem o objetivo de retirar as cargas poluentes e matérias orgânicas em suspensão. Após esta etapa, já é possível percebermos a água com aspecto muito mais limpo que no início do processo. Na segunda fase, são utilizadas plantas cujas características eliminam as bactérias. Como são utilizadas diversas espécies de plantas, com diferentes sistemas de desenvolvimento, muitas delas utilizam estas bactérias como nutrientes. A última etapa do processo é a oxigenação da água, também através das plantas. Com esta etapa realizada, a água, então limpa e rica em oxigênio, abastece um reservatório com capacidade para estocar 30 mil metros cúbicos. Neste ponto, ela pode ser lançada ao rio para equilibrar o nível de oxigênio em períodos que a taxa esteja muito baixa, pois esta característica provoca a morte de muitos peixes do local.
O uso dos Jardins Filtrantes apresenta, aproximadamente, um custo de instalação 30% inferior ao de uma estação de tratamento convencional, ou seja, é economicamente viável. Entretanto, o mais interessante é a manutenção do sistema, pois além de não exigir uma mão de obra extremamente qualificada para execução das operações, não há uso de produtos químicos e eletricidade nos tratamentos, ou seja, apenas as plantas cuidam de todo o processamento. Estima-se que o valor do custo de funcionamento seja cinco vezes menor que o custo para manter uma estação de tratamento de esgoto funcionando. O mesmo processo é aplicado a biofazendas, a grande diferença é que neste caso, as indústrias da região é que transportam seus resíduos para lá, e a água tratada é utilizada para irrigação da fazenda. Além de ser uma solução que leva em consideração aspectos de preservação ambiental, não compromete a sustentabilidade financeira das indústrias, pois é um investimento menor que o tratamento convencional.
No Brasil, há exemplos de processos que também procuram alternativas para tratamento de esgotos, como o caso da experiência feita na escola Padre Luigi Salvucci, em Foz do Iguaçu, que faz uso de plantas, areia e pedras para a despoluição da água. Já em Goiás, o Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado (IPEC), ensina a construir banheiros secos. O interessante destes banheiros é que, além de não usar água, os resíduos, ao final do processo, são utilizados como adubo para a vegetação.
Através de tudo o que foi relatado, pode-se perceber que há diversas formas e alternativas para adoção de medidas ecologicamente sustentáveis, desde as que se aplicam às indústrias até aquelas que podem ser aplicadas em residências. Diferentemente do que muitos pensam, não se trata de um investimento alto. Nem todas as soluções ecologicamente sustentáveis são mais caras que os processos convencionais.  Há muitos casos em que a construção de sistemas sustentáveis é até mais viável em termos econômicos. É fundamental que estes processos sejam explicados à população e passem a ser mais comuns nos projetos de novas construções. Em termos do poder público, sugere-se a elaboração de projetos e adoção de medidas que disseminem mais estas práticas, pois estes tipos de exemplo seriam uma excelente forma de conscientizar a população sobre os resultados, a viabilidade e os impactos positivos, principalmente em obras públicas.

 Referência para acesso

JARDINS filtrantes. Programa Cidades e Soluções, exibido em 22 set. 2011. Brasil: Globo News. Disponível em: <http://g1.globo.com/globo-news/cidades-e-solucoes/platb/2011/09/22/jardins-filtrantes/>. Acesso em: 4 set. 2014. 






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